
Há um tempinho, tenho me dedicado à pratica da canoagem. O que tem me possibilitado observar o nascer do sol com alguma frequência. Outro dia me dei conta de que o sol, que é o astro mais extraordinário que nós conhecemos, ascende e acende aos pouquinhos ao raiar do dia. Ou seja, até ele obedece ao tempo… ele, devagar e de maneira constante, se ergue e ilumina.
Na filosofia africana, há um conto bem interessante que nos convida a fazer uma analogia e considerarmos que cada um de nós tem um sol interior. Levando isso em conta, o que nos acende? Ou, o que nos possibilita ascender? Ainda se formos um tantinho além, podemos nos perguntar: Estamos aceitando respeitar o ritmo que é necessário para que nosso processo ocorra da maneira mais adequada e eficaz? O tempo sempre se impõe à vida, e nós estamos respeitando o tempo?
A maneira que vivemos é imediatista. Queremos muito e queremos rápido.
Mas essa maneira de existir nos frustra. Não é nosso o poder de determinar ritmos. Essa forma de agir frustra por estar baseada no hábito de alimentar expectativas irreais em vários aspectos da nossa vida.
Não é apenas porque se quer, e na hora que se quer, que o universo vai atender no que se acredita merecer. Nada mudou desde o início do mundo, há um tempo pra tudo. E até o sol obedece!
Há que se ir na contramão dessa ilusão que tanto nos tem feito sofrer. É preciso que cada um reflita e coloque sua vida em ritmo para que ela flua no sentido de que cada um de nós alcance o que deseja para si mesmo.
Para além disso, é importante perceber que todas as demais pessoas também estão em seus ritmos, nos quais nós também interferimos.
O conto de origem africana que me referi anteriormente amplia nossa reflexão quando coloca que cabe a todos nós acender, atiçar mutuamente o resplendor do outro para assim iluminar a todos. “Eu sou porque Nós somos”.
Entendendo sempre que estamos em momentos diferentes tanto em posição como em potência, no entanto, sendo absolutamente todos possuidores de mesmo potencial que, ao ser respeitado e estimulado, vai brilhar. Dessa forma, nossa responsabilidade passa a não ser apenas conosco próprios. Precisamos também fomentar algo no outro que ao ser estimulado, por sua vez, também nos traz vida.
De minha parte, em minhas orações, tenho pedido para conseguir seguir o exemplo do sol. Que, com delicadeza, sempre consegue estar onde deve estar, exercer toda a sua força e iluminar a todos os que à sua volta precisam dela.